Por Natália Campanholo
Com incentivos mas também muitas críticas, a personagem Rebeca da novela “Um Lugar ao Sol”, interpretada brilhantemente pela atriz Andrea Beltrão, tem repercutido nas redes sociais após a exibição de uma cena masturbando-se durante o horário nobre da TV brasileira. Em entrevista ao O Globo a atriz revelou que é importante falar sobre temas ainda considerados tabus.
“Achava que essa cena nem iria passar. Pensei: ‘Será? Nove horas da noite’. Nesses tempos tão retrógrados, tão Idade Média politicamente falando, tão Bíblia na mão, com todo respeito à religião de cada um… Quando foi ao ar, falei: ‘Ah, que ótimo’. Me mandaram algumas coisas de pessoas dizendo: ‘Que absurdo uma mulher se masturbando na hora do jantar’. Bom, é que a gente não escolhe exatamente a hora que vai se masturbar, né? Cada mulher se masturba na hora que dá vontade nela. Achei bom, achei um bom barulho, um bom combate, uma boa provocação”, disse a atriz.
Quando o marido da personagem sai do banho e flagra a cena da mulher se tocando os dois começam a discutir. Clique para assistir (https://gshow.globo.com/novelas/um-lugar-ao-sol/noticia/autora-de-um-lugar-ao-sol-comenta-cena-de-masturbacao-de-rebeca-mulheres-tambem-sentem-prazer-e-desejo.ghtml).
Infelizmente, o julgamento não acontece apenas na ficção, muitas mulheres ainda são rotuladas por tocar o próprio corpo e em alguns casos o ato é considerado até traição.
Questionamos o psicanalista Leandro Azeredo de Brito: afinal, masturbação é traição? Ele trouxe apontamentos muito interessantes a respeito do assunto. Confira:
“É preciso considerar, antes de tudo, que o que sentimos como traição é sempre a quebra de um pacto. Toda relação se funda num tipo de pacto que é em parte, expresso, mas em outra parte ele é apenas pressuposto. O que pode? O que não pode dentro e fora da relação? A questão é que os pactos tendem a funcionar tanto melhor quanto mais estiverem calcados nas fantasias sexuais primárias de cada um.
Sendo assim, para considerar a masturbação uma forma de traição é preciso ter como pressuposto um tipo de pacto em que a sexualidade do parceiro ou parceira só possa existir dentro da relação. Normalmente, aqueles que consideram que deve ser assim têm dificuldade em suportar qualquer expressão de individualidade do outro. O ciúme é um tipo de afeto que está diretamente ligado à frustração de não controlar o outro. Se tentar controlar a vida de alguém será sempre frustrante, seria razoável tentar controlar as fantasias, que são baseadas em matrizes inconscientes, incontroláveis para o próprio sujeito? Seria ponderável controlar a relação do parceiro com seu próprio corpo, descobrindo seus pontos de prazer mais intensos?
A sexualidade de qualquer pessoa, portanto, não se limita ao sexo praticado com o parceiro, mas é atravessada por muitas fantasias, que na prática da masturbação podem encontrar caminho até a consciência.
Em um estudo denominado relatório Hite (The Hite report: a nationwide study of female sexuality. New York: Seven Stories), 95% das mulheres que se masturbavam atingiam o orgasmo facilmente e regularmente, sempre que queriam, a ponto de muitas delas colocarem masturbação e orgasmo como quase sinônimos, presumindo que a masturbação inclui o orgasmo. Na contrapartida, a porcentagem de mulheres que nunca haviam tido orgasmo foi cinco vezes maior entre as que nunca haviam se masturbado, e a maioria das mulheres que nunca tinha tido um orgasmo também nunca tinha se masturbado. Isso levou o pesquisador a afirmar que “o melhor meio para aprender o orgasmo é se masturbar”.
O que compreendemos hoje sobre a masturbação é que ela pode ser um poderoso instrumento de autoconhecimento, e conhecer o próprio corpo, assim como permitir-se entrar em contato com suas fantasias, traz não apenas benefícios individuais, mas tem potencial de melhorar a relação do casal.”, explica Leandro.
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