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4 perguntas mais frequentes das mulheres sobre sexo

Texto enviado por Julia Vieira

Mesmo em constantes conquistas de independência financeira, igualdade de gênero e outros, falar sobre sexo ainda é desconfortável para muitas mulheres e um verdadeiro tabu. Seja pela máxima “o que vão pensar de mim?” ou mesmo por ter vontades sexuais que são reprimidas.

Algumas dúvidas podem surgir e arruinar os momentos de prazer pela falta de informação. Por isso, o médico Élvio Floresti Junior responde as principais dúvidas das mulheres em relação ao sexo.

  1. Por que não consigo chegar ao orgasmo?

Existem diversos fatores que explicam o motivo de muitas mulheres não sentirem o prazer do orgasmo. Um deles é no ciclo menstrual, nos dias da TPM e na ovulação por causa da tensão que a fase causa. Tente chegar lá entre a semana da menstruação e a semana seguinte, nesse período os hormônios estarão em alta.

O psicológico da mulher também conta muito para ter o orgasmo, pois esse momento é movido pela mente e corpo atinge a excitação máxima. Se existir algum tipo de medo, insegurança, falta de vontade ou baixa autoestima será empecilho para chegar ao orgasmo.

Além disso, se a mulher toma remédios controlados, como antidepressivos, eles podem afetar a libido.

  1. Por que tenho pouca lubrificação?

Muitos acreditam que é falta de desejo sexual, mas não é bem assim. A lubrificação acontece por meio das preliminares que é todo o envolvimento antes da atividade sexual efetiva e o corpo passa por preparações para o sexo.

A dopamina que é produzida na relação faz com que o coração bata mais forte e o sangue corra mais rápido nas veias que gera acúmulo de sangue nos órgãos genitais liberando a lubrificação na vagina. Ou seja, se não tiver as preliminares não haverá lubrificação necessária. Por isso, é tão importante e necessária.

  1. Não tenho vontade de fazer sexo. Como posso reacender a chama?

A falta de apetite sexual é um dos maiores tabus. Muitas mulheres fazem sexo por obrigação, sem vontade, e isso pode causar ainda mais repúdio ao ato. Existem algumas hipóteses como o medo, traumas, insegurança, doenças como depressão. Então, deve-se fazer a autoanálise para saber o que leva a perda da libido e usar de artifícios para que possa reacender a chama.

Entretanto, existem fatores hormonais que podem causar isso. Os anticoncepcionais podem ser responsável pela falta de libido, porque o estrogênio combinado com a progesterona que são componentes na maioria das pílulas, injeções, adesivos e anéis intravaginais, inibem a produção hormonal ovariana, e com isso a produção dos hormônios androgênios (masculinos) fica mais baixo, diminuindo a libido.

Outro caso é quando a mulher tem filho e está no período da amamentação o corpo produz a prolactina, o hormônio que é responsável pela produção de leite diminuindo o apetite sexual.

O fator emocional ainda é o mais importante, ou seja, o bom relacionamento do casal, tranquilidade, sedução, namoros com muitas preliminares, deixar um pouco o lado maternal e assumir o da amante, enfim são vários fatores importantes para aumentar a libido.

  1. E o famoso ponto G? Onde ele está?

O ponto G não é um órgão aparente e sempre surge a dúvida sobre a real existência. Pois bem, a princípio ele fica na parte superior da vagina, próximo a entrada e quando o corpo da mulher recebe estímulos e se excita o ponto G incha e recebe os estímulos. Mas não vale se prender a ele. Existem outros lugares a serem explorados que também dão prazer a mulher, como o clitóris. O que vale realmente é a mulher se sentir à vontade na relação sexual.

Sobre o especialista

Élvio Floresti Junior é ginecologista e obstetra formado pela Escola Paulista de Medicina desde 1984. Possui título de especialista em ginecologia e obstetrícia pela Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia) e título de especialista em colposcopia. Além disso é especializado em histerectomia vaginal sem prolapso uterino sem necessidade de corte abdominal e está atualizado com as últimas técnicas cirúrgicas como sling vaginal Realiza pré-natal especializado e atua em gestações de alto risco.

De Olhos bem fechados: Sexo, Sexualidade e Fantasia

Reflexões a Partir de Fragmentos do filme De Olhos Bem Fechados de Stanley Kubrick

Por Leandro Azeredo de Brito

    A serpente então alegou à mulher: “Com toda a certeza não morrereis!  Ora, Deus sabe que, no dia em que dele comerdes, vossos olhos se abrirão, e vós, como Deus, sereis conhecedores do bem e do mal!” Quando a mulher observou que a árvore realmente parecia agradável ao paladar, muito atraente aos olhos e, além de tudo, desejável para dela se obter sagacidade, tomou do seu fruto, comeu-o e o deu a seu marido, que estava em sua companhia, e ele igualmente comeu.…” Gênesis 3:4-6

Reprodução do filme "De Olhos Bem Fechados", de Stanley Kubrick
Reprodução do filme “De Olhos Bem Fechados”, de Stanley Kubrick

Há quem prefira transar de luzes apagadas. Se perguntados sobre o motivo, geralmente vão falar de vergonha, de timidez ou de insegurança com o próprio corpo. Mas se há uma verdade nisso, há também o outro lado da questão, um território mais desconhecido e misterioso. No escuro, de olhos bem fechados, o pensamento pode correr mais livre, ao sabor da imaginação e guiado pelas fantasias sexuais.

Quando se pensa em sexualidade, é inevitável pensar em corpos, em química e em forças biológicas. Sexualidade tem mesmo tudo a ver com o corpo, isso é mais que evidente. No sexo o corpo está em jogo, mas não somente ele. Isso porque o corpo humano, diferente dos outros corpos animais, é atravessado não só pela força química, biológica e corporal, mas também (e principalmente) pela palavra, pela cultura, pelo pensamento e pela imagem, num universo carregado de representação. Podemos pensar então que sexualidade tem tudo a ver com fantasia.

Desejo em Cena: o Espelho e o Curativo

No filme De Olhos Bem Fechados, de Stanley Kubrick, a questão do desejo é colocada em cena. O casal Bill e Alice, vão a uma festa na qual ela dança com um homem desconhecido, enquanto Bill, no mesmo ambiente, flerta com duas modelos. Na volta para o apartamento uma cena carregada de simbolismo vai introduzir um diálogo também emblemático, que é um dos pontos principais do filme. Alice se olha diante do espelho do armário do banheiro. Abrindo-o, escolhe entre os diversos frascos lá guardados, uma lata de band-aid, mas no lugar dos curativos, curiosamente havia na pequena lata um pouco de maconha. Toda narrativa até então nos leva a uma ideia de perfeição, um casal vivendo uma vida perfeita, mas atrás do espelho, a maconha no lugar do curativo indica uma ferida. É como se Bill e Aice estivessem no jardim do Éden e a maconha funcionasse como o fruto proibido.

Na cama, tragando a fumaça da maconha junto com Bill, Alice questiona se Bill a havia traído na festa com as mulheres que estava conversando, ao passo que revela ao marido que o homem com quem dançou havia proposto sexo com ela. Alice indagava, de forma indireta, sobre o desejo de Bill, como se dissesse: você ainda me deseja? Se me deseja, porque me deseja? Deseja outras mulheres? Que lugar eu ocupo no teu desejo? O marido, no entanto, apenas responde que entende o desejo do sedutor e que não sente ciúmes da mulher. A esposa continua: quando você, no seu consultório, examina uma mulher, o que você acha que ela sente ao ser tocada? Ele novamente responde com uma ingenuidade quase infantil, dizendo que as mulheres só desejam ser amadas e protegidas. Alice se senta no chão e revela sua fantasia.

O Que Deseja Uma Mulher?

Alice fala a Bill que certa vez, a simples visão de um oficial da marinha havia movimentado desejos desconhecidos, e após uma breve troca de olhares, sentiu-se tão atraída pelo desconhecido que pensou em deixar sua vida, marido e filha, se ele a desejasse. Ela conta que transou com o marido naquela tarde, mas que a imagem do oficial não lhe saía da imaginação, e por outro lado, nunca o marido lhe pareceu tão precioso e seu amor por ele, terno e triste.

Afinal, o que deseja uma mulher? Indagou Freud. No filme de Kubrick, Alice transforma em discurso uma experiência de gozo e espera ouvir uma palavra que se alinhe com seu desejo, tocar o Real pelo caminho do Simbólico. Ela quer alguém que a conduza na sua experiência de gozo, um herói que a permita transitar entre lugares e possibilidades do feminino, que sustente seu desejo sem entrar em pânico. Por isso olha para além do espelho. Mas Bill silencia e depois foge da cena, indo atender ao chamado de outra mulher, a filha de um paciente que havia acabado de morrer.

Alice ocupava um lugar de perfeição e adoração no imaginário de Bill. No início do filme, ela sentada na privada pergunta ao marido se está bonita e ele responde, sem olhar para ela: perfeita! Mas ao revelar sua fantasia, a perfeição imaginária se esvazia e o objeto de amor se converte em objeto de temor. Bill não consegue sustentar a fantasia da esposa e sai noite adentro pelas ruas, em busca da sua própria fantasia.

Sexo e Fantasia

A sexualidade no homem tende a ser mais genital, geralmente está associada à força, ao poder e a afirmação da própria virilidade. Bill, que é um médico bem sucedido, usa sua credencial médica como um passaporte para conseguir favores de pessoas ou entrar em lugares. Dando “carteiradas” ele produz seu gozo, mas no universo feminino, as fantasias são muito mais elaboradas, precisam contornar muitas proibições, encontrar em cenas e imagens elementos que funcionem como solução para conflitos que podem aflorar quando emerge a sexualidade plena, em todo seu potencial. O sentimento pode desencadear o desejo, e a fantasia feminina pode estar ligada a cenas românticas, envolvendo lugares e situações com seus parceiros.

Mas não só de fantasias românticas o desejo feminino é alimentado. A estrutura social patriarcal implica que muitas mulheres, desde pequenas, recebam mensagens contraditórias sobre sua sexualidade. São ensinadas a dizer não ao prazer, a assumirem uma postura passiva e a recalcarem seus desejos, numa tentativa de confinar a mulher em uma “natureza feminina” dessexualizada. Ser dominada por um homem forte e sedutor, ou a fantasia de ser forçada (que não se trata de uma situação real do sexo sem consentimento), amarrada e dominada, por exemplo, oferece uma solução para esse conflito, já que nessa situação existe a possibilidade de não se responsabilizar pelo seu desejo. Aliviando a culpa, o desejo reina mais livre.

O Feminino: A Esposa e a Prostituta

Bill segue noite adentro e encontra um velho amigo pianista, que revela que mais tarde tocará em um lugar em que acontecerá um ritual sexual, só permitido para iniciados. O amigo fornece uma senha de entrada para Bill, mas adverte o médico que ele também precisará de uma fantasia. O jovem médico se dirige então a uma loja chamada Rainbow, usando mais uma vez sua credencial de médico para conseguir ser atendido de madrugada. Essa sequencia nos convida a uma metáfora. Diz um ditado que aquele que chegar no outro lado do arco íris, muda de sexo. De certa forma, Bill busca por isso, pois a busca pela sua fantasia começa com a fantasia revelada da esposa. Bill fantasia a fantasia da esposa, o desejo dela passa a ser o seu desejo.

Cenas breves de Alice transando com o oficial lhe tomam momentaneamente. Ele busca decifrar o enigma do desejo feminino. Bill se mostra extremamente ingênuo em todo o filme, e a ingenuidade escapa num sorriso incessante e bobo. Ela se mostra em cenas em que o médico demonstra não saber ao certo o que quer, como quando mais cedo é encontrado na rua por uma prostituta. Ela o leva para sua casa, e quando pergunta ao jovem médico o que quer que ela faça, ele não sabe o que responder. Devolve para ela: o que você sugere? Bill busca saber algo do desejo feminino, o esvaziamento da imagem idealizada de sua esposa, ou seja, um feminino santificado, o leva ao encontro de um feminino que ocupa o lugar avesso: a prostituta.

Para Além do Espelho

O filme é carregado de simbolismos e pode ser explorado em muitos outros aspectos, esses são apenas os principais para falarmos de sexualidade e fantasia no momento. O que podemos considerar é que a fantasia, embora tenda a desembocar num lugar mais estreito, que é o ato sexual em si, é muito mais abrangente que o próprio coito. É por isso que o sexo é muito mais do que química, do que um encontro de corpos. Na cena final, Alice propõe há uma urgência: que transem!  É preciso que cada parceiro consiga exercer o papel de depositário das fantasias do outro, que as sustente, possibilitando que a cena não se limite ao que está dado na realidade. É preciso fazer a travessia até o outro lado do arco íris, decifrar suas próprias fantasias e a fantasia do outro, para além do espelho.

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